quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
Igreja é perseguida também no Chile
Igrejas queimadas e congregações ameaçadas no país nos últimos anos
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Na região de Araucanía, ao sul da capital Santiago, no Chile, 27 igrejas foram queimadas nos últimos anos. Os ataques foram realizados pelo grupo radical indígena Weichan Auka Mapu. O grupo supostamente defende os direitos dos mapuches, uma tribo ancestral que vivia no país antes da colonização espanhola. Mas hoje os mapuches são formados por 87% de cristãos, entre católicos e protestantes.
Vinte igrejas (12 católicas e 8 protestantes) foram queimadas entre 2015 e 2016 e outras sete, em 2017. Muitas delas serviam também como escolas e abrigos para pessoas deslocadas devido a desastres e eram frequentadas pelos próprios mapuches. Juan Mella, presidente do conselho de pastores da região e pastor de uma igreja queimada em julho, lembra claramente o momento em que sua igreja de madeira foi reduzida a cinzas. Ela havia sido construída 15 anos atrás com dinheiro levantado pelos próprios fiéis.
O caso que se tornou mais notório, quando homens mascarados invadiram o culto de domingo de uma igreja e a incendiaram, foi o único que levou a prisões até agora. Quatro homens foram detidos e estão sendo investigados por possível ligação com o Weichan Auca Mapu, que exige a libertação de prisioneiros mapuches e reivindicou a autoria dos ataques. Eles deixaram uma mensagem escrita na igreja: “Cristianismo, cúmplice da repressão do povo mapuche”.
Em setembro, mais quatro igrejas foram queimadas e outras congregações, ameaçadas. Isso levou a polícia a colocar guardas nas duas igrejas da região. Luis Torres, o advogado de acusação dos quatro detidos, diz: “Além dos ataques, há os panfletos que eles deixam com suas exigências e justificativas do comportamento”. Devido à pressão da advogada de defesa, Pamela Nahuelcheo, o governo decidiu em outubro que os homens seriam acusados apenas por incêndio e não por terrorismo. Desde então já houve duas audiências.
O conselho de pastores de Araucanía publicou uma nota, dizendo: “É responsabilidade do Estado garantir que eventos como esses não aconteçam novamente, assegurando que justiça seja feita aos responsáveis, assim como protegendo as vítimas e garantindo que a igreja seja reconstruída”. Ore pelos cristãos perseguidos do Chile que tiveram suas igrejas destruídas. Clame por sabedoria para os pastores, líderes cristãos e advogados e para que a justiça de Deus se manifeste.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
domingo, 3 de dezembro de 2017
Seis irmãos sequestrados pelo Boko Haram escaparam com segurança
As crianças foram encontradas por um grupo de vigilantes próximo à fronteira com a Nigéria
As vítimas do sequestro do grupo extremista eram de Moskota, no extremo norte de Camarões. Uma fonte local relatou à Portas Abertas que os irmãos, com idade entre três e quinze anos, foram sequestrados em 17 de agosto e levados à Nigéria, onde estiveram confinados sob cuidado de uma mulher.
As crianças conseguiram escapar quando a mulher adormeceu mais cedo certa noite. Usando a luz do luar, elas foram capazes de encontrar uma trilha que as levou a uma área próxima a sua casa. Ao amanhecer, chegaram a Mayo, um pequeno riacho seco na fronteira, onde os vigilantes as encontraram. Elas foram levadas para a sede militar de Mora para investigações e, depois, a um centro de saúde para realizarem um check-up médico. Ainda não se sabe se as crianças estão novamente nos braços de sua mãe.
Os irmãos foram sequestrados de sua aldeia em Moskota durante uma invasão do grupo Boko Haram pela noite. Na ocasião, o pai Adamu Nguda foi morto e a mãe foi deixada em total estado de choque. Nguda era presbítero na igreja em Mouldougwa antes de a família ser deslocada e ter de se mudar para Moskota.
O Boko Haram, originário da Nigéria, começou a atacar a fronteira no extremo norte de Camarões em 2013. A violência piorou depois que o presidente camaronês Paul Biya prometeu, em maio de 2014, “declarar guerra” ao grupo. Em resposta, os jihadistas iniciaram uma ofensiva a pontos do exército e vários outros locais, causando grandes danos à população local, especialmente às igrejas.
Em 2015, o grupo iniciou ataques suicidas – metade dos quais realizados por crianças – que tiraram a vida de muitos civis e feriram muitos outros.
De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados, a rebelião do Boko Haram levou mais de 170 pessoas mil do norte do país a fugir de suas casas, enquanto a área recebeu pelo menos 73 mil refugiados nigerianos escapando dos ataques dos jihadistas em seu país, embora muitos deles tenham começado a retornar para a Nigéria desde o ano passado. Um grande número desses deslocados são cristãos.
Mulheres sequestradas relatam experiência
Elas falam do sofrimento que enfrentaram, mas também da fidelidade de Deus em preservar sua vida e fé
No dia 15 de agosto desse ano dois homens (pai e filho) foram mortos na pequena e isolada aldeia de Tuku, em Tudun Wada, no estado de Kano. No mesmo dia, três mulheres e um bebê foram sequestrados. Cerca de 40 dias depois, elas foram soltas mediante pagamento de resgate. Recentemente, a Portas Abertas visitou o remoto vilarejo, que consiste apenas de poucas casas e duas igrejas. A maioria dos moradores são agricultores cristãos que cultivam grãos.
Conversamos com Sofia*(54), a mais velha das mulheres sequestradas, e ela relatou como tudo aconteceu. “Meu marido tinha ido a uma reunião na casa do pastor. Por volta das 20h, eu ouvi um barulho do lado de fora, e quando saí para ver o que estava acontecendo, vi um grupo de fulanis no meu terreno. Eu fechei a porta rapidamente e pensei: estamos acabados”. Ela diz que os homens, então, arrombaram a porta e mandaram-na pegar o cobertor e segui-los. Eles deixaram com as crianças um número de telefone para o pai ligar e negociar a libertação.
“Depois eu encontrei o resto da gangue com as outras duas mulheres e o bebê. Nós andamos por dois dias na floresta, sem comida nem água, sem saber para onde eles estavam nos levando”, relembra Sofia. Enquanto isso, seu marido estava negociando o resgate. Primeiro, eles haviam pedido 3 milhões de nairas (cerca de 27 mil reais). Após uma semana de negociações, eles concordaram com um milhão de nairas (9 mil reais) por vítima. “Meu marido e a família das outras mulheres saíram pegando dinheiro emprestado de todos os lados, mas ainda não haviam conseguido o montante. Então tiveram que vender parte de suas terras e da safra e, no dia 24 de agosto, levaram o valor acordado para um lugar de encontro e nós fomos libertas”, conta a cristã.
Yaha*(20), que foi levada com sua bebê de oito meses, ainda está traumatizada. Ela diz que a irmã Sofia sempre encorajava as mulheres mais jovens a se apegar a Deus. “Essa experiência fortaleceu minha fé, pois Deus foi fiel às suas promessas. Apesar de ficar com fome por mais de uma semana, eu ainda tinha leite para amamentar minha filhinha. Mesmo dormindo na floresta, com tantas picadas de insetos, meu bebê e eu sobrevivemos e estamos bem. Eu agradeço a Deus por ter nos preservado e, apesar de termos vendido tudo o que tínhamos para pagar o resgate, creio que o Senhor abrirá uma porta para nós”, conta a jovem mãe.
As duas expressam a gratidão aos cristãos de todo o mundo que oraram por elas. “Deus realmente ouviu suas orações. Agora estamos livres e em casa com a nossa família. Muito obrigada”, diz Sofia. Continue orando por elas e por todos os cristãos perseguidos nessa região da Nigéria.
Sequestro das mulheres não foi incidente isolado
Testemunhas afirmam que essas mortes e sequestros foram realizados por fulanis muçulmanos, que tem atacado comunidades cristãs no Cinturão Médio da Nigéria. Embora fatores socioeconômicos também motivem a violência, cristãos e especialistas dizem que as motivações religiosas não podem ser ignoradas. Os ataques são parte de um esforço concentrado para islamizar os cristãos e expulsar aqueles dessa região estratégica que se recusam.
Em Tudun Wada, especificamente, tem se tornado comum os sequestros com pedido de resgate. Eles acontecem geralmente entre junho e setembro, na época da colheita. Assim, ao invés de colher, estocar e vender seus grãos, os agricultores são forçados a pagar altos resgates. Para tanto, são obrigados a vender suas fazendas e safras, sendo gradualmente removidos de sua terra.
*Nomes alterados por motivos de segurança.
Cristãos estão voltando do sul para o norte do Sudão
Desde 2013, meio milhão de sudaneses voltou para o norte
Muitos cristãos que haviam fugido do Sudão depois que o sul do país declarou independência, em 2011, agora estão voltando. Mesmo com as autoridades fechando igrejas e intimidando cristãos no norte, alguns centros de oração foram reabertos. Também há muitas escolas cristãs no país, cujos alunos são muçulmanos em sua maioria. Depois da independência do Sudão do Sul, uma guerra civil se iniciou em 2013, e o país mais novo do mundo também se tornou um dos mais fragilizados e problemáticos. Isso levou meio milhão de sudaneses do sul a cruzar a fronteira de volta para o Sudão.
O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, adotou uma interpretação austera da sharia (lei islâmica) e, em 2015, aumentou as penalidades para apostasia e blasfêmia. Ele também é procurado pelo Tribunal Penal Internacional por supostos crimes contra a humanidade. Muhanad Nur, um advogado que defendeu um líder cristão e um ativista que estavam presos há 12 anos, afirmou que “o cristianismo não é bem-vindo no Sudão”.
Nos últimos meses, a Portas Abertas relatou a destruição de várias igrejas em Cartum, a capital do país. Assim como a situação do povo nas Montanhas Nuba, que tem passado por uma limpeza étnica. O Sudão ocupa a 5a posição na Lista Mundial da Perseguição de 2017. Ore pelos cristãos sudaneses, que parecem não ver esperança de um futuro melhor nem no sul nem no norte do país. Clame por proteção e firmeza na fé, para que a igreja possa fazer a diferença. E ore também para que Deus incline o coração do presidente à sua perfeita vontade.
Vivendo sob a lei dos homens
Em países como Afeganistão, Bangladesh e Paquistão, ser cristão é estar debaixo das leis islâmicas, o que significa ser um grande desafio
Na edição de dezembro da Revista Portas Abertas, você conhecerá a realidade da perseguição aos cristãos nos países onde a sharia – conjunto de leis islâmicas – é a base da legislação da nação. Apesar de muitas das punições previstas nessa lei serem condenadas por organizações de direitos humanos, como a ONU, elas continuam a ser praticadas.
Apesar da realidade difícil, os cristãos da região do sul da Ásia mostram perseverança na fé. Para fortalecer essa igreja que enfrenta a perseguição todos os dias, a Portas Abertas apoia um projeto especial para formação de líderes que decidiram aceitar o chamado de Deus para pastorear o povo de Cristo.
Além disso, você lerá uma matéria especial com curiosidades sobre a Lista Mundial da Perseguição – ranking dos 50 países onde a perseguição aos cristãos é mais intensa. Para quem deseja ser voluntário, preparamos um conteúdo que o mostrará como se envolver ainda mais com a Igreja Perseguida. Confira também a programação da Portas Abertas e seja edificado com a devocional deste mês.
Ainda não recebo a revista
Se você ainda não recebe a Revista Portas Abertas, cadastre-se e receba mais informações sobre a causa da Igreja Perseguida. Confira o que tem acontecido com os cristãos perseguidos pelo mundo, a agenda dos próximos eventos, visitas de correspondentes internacionais, comentários de nossos parceiros, um devocional especial, pedidos de oração e muito mais.
Seminário teológico para líderes
A Igreja Perseguida no sul da Ásia precisa de pastores capacitados para cuidar dos cristãos sem recursos e sem estudo. Eles aceitaram o chamado e você pode ajudá-los. Conheça o projeto e contribua para a preparação de bons pastores.
“Este ato de amor fortaleceu a fé da minha família”
A família do pastor assassinado Joseph Kura é encorajada por cartas e ajuda financeira através da Portas Abertas
A Portas Abertas recentemente visitou Martina Kura, a viúva do pastor Joseph Kura, e seus sete filhos. Ele foi assassinado por um grupo de muçulmanos por causa da disputa por uma árvore em sua fazenda. Dois dias antes, Joseph havia discutido com um lenhador, que o acusou de ter cortado uma árvore que lhe pertencia. Ele relatou o incidente para as autoridades locais e tudo ficou resolvido. Mas ele ainda recebeu ameaças e, por fim, o mataram e deixaram seu corpo mutilado na fazenda. O pastor Joseph pastoreava uma igreja em Obi, no estado de Nassarawa, e era o presidente regional da Associação Cristã da Nigéria (CAN, da sigla em inglês).
Nós encontramos a família Kura numa situação muito difícil. Martina nos conta as circunstâncias que enfrentaram após a morte do marido, no dia 30 de junho de 2016, que ela descreve como “o dia em que perdi meu melhor amigo”. Como o pastor Joseph era de Kaduna, a família decidiu retornar para lá após sua morte. Chegando lá, descobriram que todas as casas haviam sido destruídas pelos fulani. As pessoas haviam sido deslocadas e eles não puderam encontrar seus familiares. Então, voltaram para Obi. Mas o novo pastor já havia se mudado para a casa pastoral, onde eles moravam. “Nós não tínhamos para onde ir, então a única solução foi nos mudar para essa casa incompleta”.
A casa incompleta a que Martina se refere é uma cabana de um cômodo, com palhas de milho que servem de telhado. Não há móveis, então eles empilharam os potes, caixas, pratos e grãos que possuem perto das paredes. Mas mesmo em meio a tudo isso, a viúva afirma que Deus tem sido fiel. Quatro de seus sete filhos estão cursando o ensino médio graças à ajuda da Portas Abertas. Ela testemunha: “Eu lembro quando duas das minhas meninas conseguiram a vaga no ensino médio esse ano. Elas choravam lembrando as promessas de Deus para os órfãos, e Deus realmente se lembrou de nós quando nos enviou a Portas Abertas, que nos ajudou a pagar a escola para elas”.
Nós levamos quase 30Kg de cartas de encorajamento para a família, vindas de várias partes do mundo. Martina as recebeu com lágrimas no rosto e disse: “Eu cheguei ao ponto de pensar que Deus havia virado as costas para nós, mas a presença de vocês prova que Deus conhece nossa situação e sabe como nós estamos”. A Portas Abertas continuará assistindo a família Kura no próximo ano. Somos motivados pela fé e coragem dessa preciosa família. Martina disse também: “Eu não conheço ninguém na Portas Abertas, mas foi Deus quem os enviou. Este ato de amor fortaleceu a fé da minha família”.
Pedidos de oração
Ore por contínuo conforto do Senhor sobre eles, para que não desanimem, mas coloquem a confiança em Deus.
Clame por provisão de suas necessidades físicas e materiais, e para que a igreja local se esforce para apoiá-los em todas as áreas.
Interceda pela equipe da Portas Abertas na região, que Deus os fortaleça e use ainda mais parceiros ao redor do mundo para apoiar os cristãos perseguidos na Nigéria.
A igreja paquistanesa precisa de nossas orações
Líderes muçulmanos fazem protestos, colocando cristãos em estado de alerta
Nas últimas semanas, mulás extremistas de linha dura têm feito manifestações pacíficas no Paquistão. O judiciário exigiu que as manifestações fossem consideradas atos de terrorismo, mas o governo e o exército se recusaram a apoiar o judiciário, cedendo às demandas dos líderes muçulmanos. Com isso, o poder judiciário foi enfraquecido e o exército está sob clara influência dos extremistas.
Os manifestantes são partidários da rígida lei de blasfêmia e desejam instaurar a sharia (conjunto de leis islâmicas). Isso pode causar o aumento da perseguição contra cristãos e outras minorias, mais mortes de muçulmanos liberais e o fortalecimento de organizações terroristas, por saberem que têm poder. Os cristãos não foram ouvidos em todo o processo. Igrejas, hospitais e escolas cristãs estão em estado de alerta diante da ameaça terrorista que essas manifestações representam.
Os protestos de agora seguem-se ao grande combate ocorrido no último dia 25 de novembro na capital Islamabad. A Portas Abertas divulgou o incidente, em que o partido político islâmico Tehreek-e-Labaik acusou a polícia de ser dominada por cristãos e outras minorias religiosas. A igreja paquistanesa precisa de suas orações!
Pedidos de oração
Ore para que apesar da situação de medo, os obreiros possam pregar o evangelho e continuar a despertar e fortalecer a igreja existente.
Clame pela segurança das igrejas e instituições cristãs, principalmente durante o Natal.
Peça que não hajam ataques terroristas quando cristãos se reúnem para louvor e adoração.
Nas últimas semanas, mulás extremistas de linha dura têm feito manifestações pacíficas no Paquistão. O judiciário exigiu que as manifestações fossem consideradas atos de terrorismo, mas o governo e o exército se recusaram a apoiar o judiciário, cedendo às demandas dos líderes muçulmanos. Com isso, o poder judiciário foi enfraquecido e o exército está sob clara influência dos extremistas.
Os manifestantes são partidários da rígida lei de blasfêmia e desejam instaurar a sharia (conjunto de leis islâmicas). Isso pode causar o aumento da perseguição contra cristãos e outras minorias, mais mortes de muçulmanos liberais e o fortalecimento de organizações terroristas, por saberem que têm poder. Os cristãos não foram ouvidos em todo o processo. Igrejas, hospitais e escolas cristãs estão em estado de alerta diante da ameaça terrorista que essas manifestações representam.
Os protestos de agora seguem-se ao grande combate ocorrido no último dia 25 de novembro na capital Islamabad. A Portas Abertas divulgou o incidente, em que o partido político islâmico Tehreek-e-Labaik acusou a polícia de ser dominada por cristãos e outras minorias religiosas. A igreja paquistanesa precisa de suas orações!
Pedidos de oração
Ore para que apesar da situação de medo, os obreiros possam pregar o evangelho e continuar a despertar e fortalecer a igreja existente.
Clame pela segurança das igrejas e instituições cristãs, principalmente durante o Natal.
Peça que não hajam ataques terroristas quando cristãos se reúnem para louvor e adoração.
Duas iranianas lançam livro sobre tempo na prisão
Por serem cristãs, elas ficaram 8 meses presas em Evin, “a prisão mais brutal do mundo”
Duas iranianas que foram ameaçadas de execução enquanto estavam presas escreveram um livro sobre suas experiências. Elas descreveram a famosa prisão de Evin, em Teerã, onde passaram oito meses entre 2009 e 2010, como “a prisão mais brutal do mundo”. Maryam Rostampour (35) e Marziyeh Amirizadeh (38) agora moram nos Estados Unidos, onde receberam asilo após serem libertadas. O livro se chama “Cativas no Irã” e foi publicado em 2013.
Nos últimos seis meses, 21 cristãos foram condenados a longos anos de prisão no Irã, e muitos deles estão na prisão de Evin. Em uma entrevista ao jornal britânico Times, elas descreveram as condições que os cristãos presos muito provavelmente estão enfrentando. “Quem passa por Evin nunca mais será o mesmo. O stress é muito alto. Tem dias que você não consegue respirar porque não sabe o que vai acontecer com você no dia seguinte”, descreve Maryam.
Os maus tratos na prisão
Em Evin, as cristãs dormiam no chão em uma cela que compartilhavam com outras 30 a 40 prisioneiras. Havia apenas uma pequena janela. As luzes ficavam acesas a noite toda e uma televisão ficava ligada com propaganda do governo. Elas não recebiam tratamento médico por serem cristãs, pois eram vistas como “infiéis sujas”. “Éramos tratadas como animais”, resume Marziyeh.
Maryam e Marziyeh passaram 40 dias no prédio de interrogatórios, onde foram ordenadas repetidamente a negar a fé. Os interrogadores também exigiam os nomes das pessoas que participavam de sua “igreja doméstica” e queriam que assinassem confissões forçadas. “Se vocês não derem as informações que precisamos, vamos bater em vocês até vomitarem sangue”, eram as ameaças que ouviam. “Nós podemos fazer qualquer coisa com vocês e ninguém vai nos deter. Aqui somos a lei e podemos fazer o que quisermos”, ameaçavam.
Elas se converteram em uma conferência na Turquia em 2005. Quando voltaram para Teerã, transformaram o apartamento em uma igreja doméstica e distribuíram cerca de 20 mil cópias do Novo Testamento. Ambas testemunham que a atenção internacional dada ao caso ajudou a assegurar a libertação e também a sobreviver ao tempo na prisão. “Quando um caso ganha atenção, eles param de torturar ou abusar, porque o mundo está olhando para eles. Mas se um prisioneiro não tem alguma voz que seja por ele, muitas coisas podem lhe acontecer”, afirma Marziyeh.
A Anistia Internacional criticou o Irã por negar cuidados médicos em suas prisões. Eles citaram o caso da cristã Maryam Naghash Zargaran, que foi liberta em agosto após passar quatro anos em Evin. Após fazer duas greves de fome, Maryam conseguiu saída temporária para cuidar da saúde, mas toda vez tinha que retornar antes que o tratamento estivesse completo. Sua prisão foi estendida por seis semanas para repor o tempo que havia gasto fora da prisão. Após quatro anos na prisão, ele foi libertada em 1 de agosto deste ano.
sábado, 25 de novembro de 2017
Migrantes africanos vendidos como escravos por 400 dólares
Grupo de migrantes num centro de detenção em Tripoli. Sobreviveram ao deserto e aos traficantes, agora aguardam o repatriamento | REUTERS
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Muitos são obrigados a pedir dinheiro às famílias para evitar a escravatura. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, o deserto do Sara ultrapassou o Mediterrâneo como principal causa de morte.
Conseguem chegar a território europeu, no melhor dos casos; ou são capturados, levados para um centro de detenção e repatriados. Ou acabam mortos por afogamento nas águas do Mediterrâneo - e a este trágico fim, junta-se agora a desumanidade de terminar os dias como escravo em território líbio, vendidos em leilão pelo equivalente a 400 dólares (340 euros).
Um trabalho da CNN, divulgado ontem, revela que em várias cidades da Líbia se realizam vendas de migrantes pelos traficantes que eram suposto trazê-los até à Europa. Provenientes de países da África subsariana, são forçados a permanecerem em locais fechados, sem água ou alimentação digna desse nome até serem vendidos. Um destes migrantes, Victory, natural da Nigéria, disse à CNN ter "gasto todas as economias" na tentativa de chegar até à Europa e acabou por ser vendido como escravo, supostamente por não ter pago o suficiente para a parte final da viagem. Victory, que aguarda num centro de detenção em Tripoli o repatriamento, ficou livre após a família pagar um resgate. Quando foi comprado valeu precisamente 400 dólares.
A investigação da CNN vem chamar a atenção para uma realidade que existe na Líbia desde o fim da ditadura de Muammar Kadhafi, em 2011. Realidade que ganhou maior dimensão desde que o país se tornou, em 2016, a principal plataforma para migrantes e refugiados tentarem chegar à Europa. E que a crise política, os confrontos entre fações e a desagregação do aparelho do Estado vieram facilitar.
Em abril último, um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) descrevia situações idênticas às de Victory, com "pessoas a serem vendidas em mercados a céu aberto". Uma reportagem publicada então pela revista Newsweek recolhia testemunhos - de homens e mulheres - de migrantes africanos e as situações de crueldade, violência e abuso a que tinham sido sujeitas estas pessoas pelos traficantes. E também pelos elementos da Guarda Marítima líbia e agentes dos centros de detenção deste país. Quanto a este último aspeto, um relatório do alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra"ad Al Hussein, divulgado ontem revela que "milhares de homens, mulheres e crianças emaciados, traumatizados, sem espaço para se mexerem, fechados em hangares e sem qualquer acesso a necessidades básicas".
Estão hoje 20 mil pessoas nos centros de detenção em Tripoli.
Vendido duas vezes
A reportagem da Newsweek recolhe o depoimento de um jovem adulto da Guiné que disse ter sido "vendido duas vezes". Na primeira, "fui vendido a um árabe, que me obrigou a trabalhar para ele e a telefonar à minha família a pedir dinheiro para pagar um resgate". Como isso não sucedeu, o primeiro árabe vendeu o guineense a "outro árabe", para o qual teve também de trabalhar, só ficando livre quando a família pagou o resgate.
A mesma reportagem refere que também as mulheres são vendidas em leilões de escravos e que o seu preço é superior ao dos homens. Além de forçadas a trabalho escravo, são vítimas de abusos sexuais.
Por seu lado, o relatório da OIM divulgado em abril revela que os traficantes, na fase inicial da viagem, durante a travessia do deserto do Sara, costumam negociar com grupos armados que raptam os migrantes para depois pedirem resgates, a serem pagos por transferência via Western Union ou Money Gram. Quando não são pagos os resgates, os migrantes são vendidos como escravos ou ficam sem comida.
Um outro relatório da OIM, da semana passada, indica que o maior número de mortes de migrantes sucede na travessia do Sara, estimando que seja agora o dobro do número de pessoas que já perderam a vida este ano na travessia do Mediterrâneo: 2750.
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