A França anunciou que vai fechar
temporariamente suas embaixadas e escolas em 20 países após uma revista francesa
ter publicado charges sobre o profeta Maomé nesta quarta-feira (19).
O governo francês, que
criticou a publicação, teme que ela possa aumentar a tensão já criada por um
filme americano que criticava o profeta.
Mais de 30 pessoas
morreram em ataques e manifestações violentas provocadas pela divulgação de
trechos do filme amador "A Inocência dos Muçulmanos", incluindo 12 em
um atentado suicida executado na véspera no Afeganistão por uma mulher.
O
fechamento vai ocorrer na sexta-feira (21), tradicional dia semanal de orações
no mundo islâmico."Nós realmente decidimos, como medida de precaução, fechar
nossas instalações, embaixadas, consulados, centros culturais e escolas",
disse um porta-voz.
A França também adotou
medidas de segurança especiais para proteger suas embaixadas, depois da
publicação feita pela revista satírica "Charlie Hebdo", anunciou o
ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
"Evidentemente
dei instruções para que em todos os países onde isto possa representar
problemas sejam adotadas medidas de segurança especiais", declarou Fabius,
que manifestou preocupação.
O ministro afirmou que
no contexto atual, a publicação das caricaturas do profeta pela revista
"joga mais lenha na fogueira".
"Na França, o
princípio é a liberdade de expressão. Agora, neste contexto, levando em
consideração este filme estúpido, este vídeo absurdo que foi divulgado, há uma
grande comoção em muitos países muçulmanos. É pertinente e inteligente jogar
mais lenha na fogueira? A resposta é não", disse.
"É preciso
encontrar um equilíbrio", concluiu.
Manifestações proibidas
O primeiro-ministro
francês, Jean-Marc Ayrault, anunciou nesta quarta que vai negar permissão para
uma manifestação para protestar contra o vídeo.
'As manifestações não
estão autorizadas', disse Ayrault em entrevista à emissora de rádio 'RTL'.
Na
França, qualquer agressão aos muçulmanos é considerada sensível. O país tem a
maior comunidade da Europa, com entre quatro e seis milhões de
muçulmanos.Segundo o primeiro-ministro, os protestos têm origem em 'grupos
minoritários que querem explorar' a atual situação.
Maomé nu
A capa da revista
mostra um judeu ortodoxo empurrando uma figura de turbante, que está numa
cadeira de rodas.
Nas páginas internas
há várias caricaturas do profeta, incluindo algumas em que ele aparece nu.
Vários países do
Oriente Médio, da África do Norte, da Ásia e da Europa foram cenários na última
semana de atos de violência dirigidos contra Estados Unidos após a divulgação
de trechos do filme.
Na terça, o presidente
americano Barack Obama pediu ao mundo muçulmano que trabalhe com os Estados
Unidos para garantir a segurança de seus representantes no mundo.
"Embora este
vídeo seja chocante - e nós o denunciamos evidentemente, o governo americano
não tem nada a ver com ele - não é de nenhum modo uma desculpa para a
violência", disse.
O embaixador dos
Estados Unidos na Líbia e três funcionários americanos morreram no ataque ao
consulado de Benghazi.
Após o início do
movimento de protesto, Washington adotou no fim de semana passado medidas
adicionais de segurança para suas embaixadas e consulados no Oriente Médio e
África do Norte.
Em 2005, a publicação de caricaturas
de Maomé por um jornal dinamarquês já havia provocado uma onda de protestos no
mundo muçulmano.
Liga Árabe
A Liga Árabe fez um
apelo nesta quarta para que as pessoas ofendidas pelos cartuns
"mantenham o controle" e manifestem de modo pacífico sua rejeição às
imagens.
Num comunicado
divulgado após a divulgação dos cartuns, a Liga Árabe, entidade que congrega 21
países e tem sede no Cairo, fez um chamado pela reconciliação e respeito entre
culturas.
A Liga pediu que
"aqueles que foram feridos por esses desenhos ofensivos se controlem e
usem meios pacíficos para expressar com firmeza sua rejeição a essas ações
vergonhosas."
YouTube
O Sudão decidiu nesta
quarta bloquear o YouTube para impedir a difusão do filme, informou Ezedine
Kamel, presidente do organismo sudanês de telecomunicações.
Países como
Bangladesh, Paquistão e Afeganistão bloquearam o acesso ao YouTube e
outros, como a Arábia Saudita, ameaçaram fazer a mesma coisa se o link para o vídeo
não for bloqueado.
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