sexta-feira, 15 de abril de 2022

Páscoa Judaica

A Páscoa judaica, conhecida pelos judeus como Pessach, significa “passagem” e relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito há cerca de 3500 anos. Uma das festas mais tradicionais do cristianismo é a Páscoa, comemorada sempre no primeiro domingo após a lua cheia ocorrida com o fim do equinócio de primavera/outono. Essa festa, por sua vez, não é originária do cristianismo, e sim do judaísmo, religião tradicional dos hebreus. A Páscoa judaica é uma tradição milenar que relembra a libertação do povo hebreu. Acesse também: História de Jerusalém, cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos Páscoa (Pessach) A Páscoa judaica é conhecida pelos judeus como Pessach, palavra do hebraico que significa passagem. A Páscoa comemorada pelos judeus também é uma de suas festas religiosas mais importantes, assim como é a Páscoa para os cristãos. A Páscoa judaica é celebrada de acordo com o calendário próprio dos judeus. O calendário judeu (ou calendário hebraico) é conhecido por ser um calendário lunissolar, isto é, que se baseia nos ciclos da Lua e do Sol. A Páscoa judaica é comemorada anualmente no dia 14 de nissan (ou nisã), pelo fato de que a primeira Páscoa comemorada pelos judeus, enquanto eram escravos no Egito, aconteceu nos dias 14 e 15 de nissan, há cerca de 3500 anos. A primeira Páscoa aconteceu no contexto da escravidão dos hebreus no Egito. Esses, originários de Abraão, estabeleceram-se em Canaã e, depois de um tempo de seca e falta de alimentos, mudaram-se para o Egito, local no qual acabaram sendo escravizados. A libertação dos hebreus foi realizada por Moisés, logo após a execução das dez pragas no Egito, segundo a narrativa judaica. A Páscoa judaica aconteceu pouco antes da execução da décima praga, na qual o anjo da morte desceu ao Egito e matou todos os primogênitos daquela terra. O anjo da morte só não passou pelas casas daqueles que haviam seguido as ordens de Javé realizando a festa, da forma conforme havia sido ordenada, e passando o sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas. Após a décima praga, os hebreus foram libertos da escravidão e autorizados a retornarem para Canaã. Como os judeus celebravam a Páscoa? A primeira Páscoa celebrada pelos judeus, ainda no período do cativeiro no Egito, é descrita na narrativa bíblica da seguinte maneira: Os hebreus sacrificaram um cordeiro sadio, de um ano, no dia 14 de nissan. O animal foi assado inteiro e então consumido (o que não foi consumido, foi queimado). Os hebreus também consumiram pão sem fermento e ervas amargas. O sangue do animal foi utilizado para marcar os umbrais das portas das residências dos judeus. A comemoração da Páscoa, conforme posterior tradição judaica, estendeu-se por sete dias, nos quais o consumo de alimentos com fermento era e continua terminantemente proibido. Essa festa é conhecida como Festa de Pães Asmos (ou pães ázimos). Nos tempos antigos, a Páscoa era utilizada pelos hebreus para contarem sobre Jeová para as crianças, e muitos costumavam ir a Jerusalém para celebrarem a Páscoa. O vinho (não fermentado) também era utilizado na celebração da Páscoa pelos hebreus. Como os judeus comemoram a Páscoa hoje? Judeus realizando orações no Muro das Lamentações, em Jerusalém, durante a Pessach.* Judeus realizando orações no Muro das Lamentações, em Jerusalém, durante a Pessach.* A Pessach é uma festa que é comemorada até hoje em obediência à ordem de Javé transcrita na narrativa, que fala: “Comemorem esse dia como festa religiosa para lembrar que eu, o Senhor, fiz isso. Vocês e os seus descendentes devem comemorar a Festa da Páscoa para sempre.”|1| Sendo assim, a Pessach será comemorada pelos judeus, nos próximos anos, nas seguintes datas: 2019: 19 e 20 de abril 2020: 8 e 9 de abril 2021: 27 e 28 de março 2022: 15 e 16 de abril A Páscoa judaica, em determinados anos, pode coincidir com a mesma data em que se comemora a Páscoa cristã, mas o significado das duas difere. Enquanto a comemoração judaica relembra a passagem do anjo da morte durante a décima praga que possibilitou a libertação dos judeus da escravidão, a Páscoa cristã relembra o sacrifício de Cristo e sua ressurreição, isto é, sua passagem da morte para a vida. A Páscoa judaica é inaugurada com o Sêder, isto é, um jantar no qual as famílias judaicas reúnem-se para relembrar e celebrar a libertação do povo hebreu. O jantar é realizado dentro de uma estrutura litúrgica que inclui: a leitura do Hagadá, um livro que contém a história de libertação dos hebreus; e o consumo dos alimentos, cada qual com sua ordem específica. Ilustração de um Hagadá, livro que narra a história da libertação dos hebreus do Egito e que é lido durante o Sêder. Ilustração de um Hagadá, livro que narra a história da libertação dos hebreus do Egito e que é lido durante o Sêder. Os judeus, durante a Pessach, não comem nada fermentado, e a celebração inclui uma série de alimentos que possuem, cada qual, uma simbologia diferente. Uma tradição comum da Páscoa judaica é conhecida como Afikoman, nela o matsá (pão sem fermento) é dividido em dois, e o maior pedaço é escondido. Depois do jantar, as crianças partem à procura do pedaço de matsá, e aquela que o encontrar, ganhará um prêmio. Acesse também: Veja mais detalhes sobre a criação do Estado de Israel O que os judeus comem na Páscoa? Pão não fermentado (pão ázimo) que é utilizado pelos hebreus durante o Sêder. Pão não fermentado (pão ázimo) que é utilizado pelos hebreus durante o Sêder. Como mencionado, durante a Pessach, os judeus não consomem nada que possua fermento, e, assim, todos os alimentos do tipo são vetados. Durante o jantar, uma série de alimentos é consumida, e cada um deles possui uma simbologia distinta. Vejamos o que cada alimento significa: Matsá: é um pão sem fermento. Na tradição hebraica, os judeus, quando foram autorizados a sairem do Egito, não conseguiram esperar o pão fermentar, e, por isso, ele é feito de uma massa bem fina. Vinho: é um vinho especial para Pessach e que também não é fermentado. São servidas quatro taças de vinho durante o Sêder. Zeroá: é pedaço de osso com carne que foi tostado e simboliza o sacrifício. Maror: é uma raiz amarga que simboliza a amargura do tempo da escravidão. A alface (chazeret) também é utilizada para simbolizar essa amargura. Charósset: é uma pasta que mistura maça, uva e nozes (pode ter também tâmaras, canela e vinho). Simboliza a argamassa que era usada pelos judeus para fazer tijolos. Água salgada: simboliza as lágrimas e o suor derramado pelos judeus durante a escravidão. É usada para o consumo de batatas cozidas. Beitzá: é o ovo cozido que simboliza a esperança pela recuperação do Templo de Salomão. Simboliza também o luto pela destruição do templo. Esses são os alimentos consumidos durante o jantar que inaugura a Páscoa judaica, mas os judeus cozinham e consomem outros pratos também, como o Guelfite fish, um bolinho de peixe com uma cenoura em cima. O Sêder é tão relevante na história judaica que a Última Ceia, momento marcante da história e vida de Cristo, foi celebrada durante um desses jantares típicos da Pessach. |1| Êxodo 12. Para acessar, clique aqui. *Créditos da imagem: Mikhail e Shutterstock Por Daniel Neves Graduado em História Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/pascoa/pascoa-judaica.htm

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